25 de outubro de 2015

Plantão Médico (por uma Engenheira)

Explicação: Eu sou a única engenheira em uma família cheia de médicos. Avô, pai, cunhado, irmã. Passei boa parte do meu tempo ouvindo eles discutirem casos, tratamentos e explicações. Além disto, adorava assistir Plantão Médico e Scrubs. Como não consigo decorar nomes complicados nem que minha vida dependa disso, virou piada recorrente meus "erros" na hora de descrever nomes de medicamentos (e, invariavelmente, órgãos internos). O resultado é o texto abaixo.

--------------------------------

Ela chegou queixando-se de uma leve miodicitose.

Eu, como médica.
Indiquei à enfermeira que desse 14 mili-ges de fenoctiladina e observasse. Por precaução, pedi uma contagem de neociplastoses mínimas.

Mas o exame nem tinha sido realizado quando ela entrou em disruptose aguda. Imediatamente a entubei com uma placa 48; abrimos uma linha e injetamos duas ampolas de freocoliptídeos. Ela deveria estabilizar rapidamente.

Para nossa surpresa, o nível de preonícitos não parava de subir, então apelei para 6g de difenaclitercóide. Nada.

Chegando em assístole crônica, abri o peito dela, externo, miolo, interno, peguei o coração em minhas mãos. Aí ficou óbvio para toda a equipe: um miofaglocentróide atrapalhava toda a circulação!

- Clear! - eu gritei,  enquanto a enfermeira carregava em 110V.

O choque fez com que ela recuperasse alguma pressístole, mas a pressão ainda estava em 10 por 3,14. Hora de tomar a decisão heróica.

A equipe e eu sabíamos que apenas uma dissezolaparoscopia completa, radical mesmo, salvaria a vida da paciente. Bisturi número 9, pedi. Aço ou platina? Aço; não temos tempo.

Seccionei, puncionei, cauterizei, retirei suas amígdalas e um resto de apêndice. Ainda era pouco. Retirei um fígado, ela teria que se virar só com um. E foi então que o pior aconteceu. Completa parasectose.

Ninguém pode prever este tipo de reação, eu sei, mas algo me dizia que eu tinha que ir até o fim.

As enfermeiras entraram com meu bolo de aniversário, soprei as velas, e gritei:

- Mais 10mg de onteprazol, 22 ml de O positivo, e levantem mais esta maca!

Subi no peito da paciente, e, usando o tubo como guia, levei o laringegoscópio até o estômago. Lá estava ele, a raiz do miofaglocentróide. Queimei-a com o laser de cirurgia de miopia; hemonagioglocebina, agora!

Como se renascida dos mortos, a paciente voltou a respirar, apenas 52 minutos depois da parada cardíaca-pulmonar-intestinal. Estava salva!

Mais um grande dia no ER!

--------------------------------
Dedicado à Dra. Luiza, ao Dr. Luiz e ao Dr. Jorge. Originalmente escrito em 14/12/2004.

A Última Guerra

 O último mês viu o nascimento do ChatGPT . Pela primeira vez, um programa de computador é capaz de responder à perguntas como um ser humano...