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Eu, como médica. |
Mas o exame nem tinha sido realizado quando ela entrou em disruptose aguda. Imediatamente a entubei com uma placa 48; abrimos uma linha e injetamos duas ampolas de freocoliptídeos. Ela deveria estabilizar rapidamente.
Para nossa surpresa, o nível de preonícitos não parava de subir, então apelei para 6g de difenaclitercóide. Nada.
Chegando em assístole crônica, abri o peito dela, externo, miolo, interno, peguei o coração em minhas mãos. Aí ficou óbvio para toda a equipe: um miofaglocentróide atrapalhava toda a circulação!
- Clear! - eu gritei, enquanto a enfermeira carregava em 110V.
O choque fez com que ela recuperasse alguma pressístole, mas a pressão ainda estava em 10 por 3,14. Hora de tomar a decisão heróica.
A equipe e eu sabíamos que apenas uma dissezolaparoscopia completa, radical mesmo, salvaria a vida da paciente. Bisturi número 9, pedi. Aço ou platina? Aço; não temos tempo.
Seccionei, puncionei, cauterizei, retirei suas amígdalas e um resto de apêndice. Ainda era pouco. Retirei um fígado, ela teria que se virar só com um. E foi então que o pior aconteceu. Completa parasectose.
Ninguém pode prever este tipo de reação, eu sei, mas algo me dizia que eu tinha que ir até o fim.
As enfermeiras entraram com meu bolo de aniversário, soprei as velas, e gritei:
- Mais 10mg de onteprazol, 22 ml de O positivo, e levantem mais esta maca!
Subi no peito da paciente, e, usando o tubo como guia, levei o laringegoscópio até o estômago. Lá estava ele, a raiz do miofaglocentróide. Queimei-a com o laser de cirurgia de miopia; hemonagioglocebina, agora!
Como se renascida dos mortos, a paciente voltou a respirar, apenas 52 minutos depois da parada cardíaca-pulmonar-intestinal. Estava salva!
Mais um grande dia no ER!
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Dedicado à Dra. Luiza, ao Dr. Luiz e ao Dr. Jorge. Originalmente escrito em 14/12/2004.