30 de setembro de 2015

O Dia do Mundo Melhor

Imagine um dia onde ninguém cometesse nenhum crime.

Um dia onde todos cumprissem a lei, as regras de boa convivência e de educação.

Onde todos respeitassem faixa de pedestre, proibido estacionar, sinal de trânsito,  vaga de deficiente, prioridade de fila, e o sinal de afivelar cinto de segurança no avião até a parada da aeronave.

Onde policiais não matassem bandidos e bandidos não matassem policiais. Onde políticos não desviassem dinheiro. Onde seu filho pudesse ir até a padaria sozinho, sem risco de ser sequestrado, baleado ou assaltado. Onde crianças e adolescentes não apanhassem, não utilizassem drogas e não batessem carteiras.

O efeito no Brasil de apenas um dia sem crimes seria 4.317 veículos que não seriam roubados, 172 mulheres que não seriam estupradas e 182 pessoas que não seriam assassinadas. (fonte)

Agora, imagine que este é também um dia de compaixão, de ajudar ao próximo. Oferecer uma mãozinha para quem está com sacolas pesadas. Dar dez reais e um sorriso para o mendigo do bairro. Ligar para quem você gosta e agradecer por tudo que esta pessoa trouxe de bom para sua vida. Fazer um trabalho voluntário, separar doações para quem precisa mais. Ouvir alguém com carinho sem julgamentos, e elogiar sinceramente um conhecido. Um dia sem preconceito, piadas racistas e machismo.

Eu proponho que este dia seja o dia 4 de Janeiro de 2016, o primeiro dia útil do ano. Começando com o pé direito.

Apenas um dia. Um dia para vermos como seria um mundo melhor. Um dia para provarmos que o ser humano tem jeito, que podemos ser melhores. Um dia para sabermos como o mundo poderia ser. Um dia de segurança, aproximação e esperança.

Quem sabe a gente se acostuma?

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1) Se você tem mais sugestões de como fazer o Dia do Mundo Melhor ainda melhor, adicione nos comentários!

2) Se você gostou da ideia, compartilhe com o máximo de pessoas que puder. Mande para jornais, empresas, amigos e conhecidos. Esta ideia só vai decolar se estivermos todos juntos. E você é parte importante disto. Cada pessoa faz diferença. Conto com você! Até dia 4!

8 de setembro de 2015

10 Razões pelas quais seu cachorro NÃO é seu filho

Desculpa, mas não.
Várias pessoas que não tem filhos, e algumas que tem (!), de vez em quando se revoltam porque o resto da sociedade não trata seus gatos ou cães como seus "filhos".

O mais recente foi uma reclamação no Facebook sobre uma família (um casal de idosos e sua filha) que foi "expulsa" da Boca do Forno São Bento porque estavam com uma cadela (a empresa nega que foram expulsos, dizendo que eles pediram para que eles se retirassem, a família argumenta que isto é a mesma coisa que expulsar).

Eu não ia me intrometer, mas no argumento a filha diz que:

"Eu, meu pai e minha mãe (já idosos), fomos convidados pela funcionária, a nos retirarmos do local!!!!"
"Enquanto isso, crianças pequenas correm e gritam pelo ambiente, choram alto, pingam catarro e continuam lindamente lá!"

Opa, peraí.

Acho que agora foi longe. O fato de que crianças possam estar no estabelecimento NÃO te dá o direito de colocar o seu cachorro lá.  Existem, pelo menos, 10 razões pelas quais seu cachorro não é uma criança:

  1. Você não pode deixar seu filho em casa sozinho para ir lanchar.
  2. Você não vai castrar seu filho se não quiser cuidar dos netos.
  3. Você não vai dar os filhos do seu filho para estranhos (às vezes por dinheiro).
  4. Você não permitiria que alguém separasse seus filhos dos amigos e família dele quando ele fizesse 10 dias.
  5. Você não vai sacrificar seu filho se ele estiver doente e comprar outro filho parecido.
  6. Se seu filho for atropelado, você não vai descansar enquanto quem o atropelou não seja punido.
  7. Seu filho não vai fazer xixi e cocô em áreas públicas (incluindo restaurantes como a Boca do Forno).
  8. Você não vai separar seu filho de TODOS os outros seres humanos, fazendo-o conviver apenas com uma raça diferente da dele que decide quando ele vai comer, sair de casa, fazer sexo e se reproduzir para o resto da vida dele.
  9. Você não vai deixar seu filho com estranhos quando viaja.
  10. Seu filho não vai morder, latir e pular em estranhos (principalmente os que não gostam de crianças) em restaurantes.
Eu imagino que quem gosta muito de animais de estimação, acha que esta relação é boa para os dois lados. O humano tem um "companheiro" e o animal ganha casa, comida e roupa lavada. E é "da família".

Só que não é bem assim. Vou fazer um paralelo. Outra categoria que geralmente recebe esta conotação "como se fosse da família" são empregadas domésticas. Como mostra o excelente filme "Que Horas Ela Volta?", esta é uma forma disfarçada de tentar transformar em "bondade" uma relação que é basicamente de controle e submissão. Seu cachorro será "da família" até morder alguém. A empregada será "da família" até tentar dormir na cama da patroa. Ou comer na mesa da sala. Ou usar o banheiro social. Enfim, será sempre uma relação desigual.

Eu tenho um grande amor por todas as espécies de seres vivos (insetos menos um pouco). Por isto, não acredito que neurotizar um outro ser vivo, mantendo ele enjaulado pela vida toda seja amor. Um argumento interessante seria dizer que nós "domesticamos" estes animais, e que agora eles não tem mais condições de viver sozinhos. Verdade. Mas quando esta domesticação aconteceu, a gente também morava em comunidades rurais, com muito espaço, e os bichos viviam soltos! Ninguém foi evolutivamente selecionado para viver em área de serviço, sem janela ou espaço verde, de um apartamento no vigésimo oitavo andar. Nem bicho, nem gente.

Por fim, estudos indicam que os cachorros também não se sentem seus filhos. Eles entendem que fazem parte de uma matilha, onde eles estão na escala mais baixa. Por isto o comportamento submisso ("carinhoso"), entristecido ("dócil") e pacífico ("feliz"). Projetamos nos bichos nossos sentimentos de gratidão, amor e carinho, enquanto eles estão encarcerados, subjugados e isolados de qualquer chance de vida independente.

Não me espanta que, às vezes, fujam. "Fecha a porta, senão ele escapa".

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PS1: Escrever este texto me deu um desconforto extremo, por comparar os bichos de estimação com empregadas domésticas. Quero deixar bem claro que minha crítica aqui é ao tratamento similar que nossa sociedade dá para animais e domésticas, e o quanto ambos os tratamentos são terríveis na minha opinião. Inclusive, a ideia de que os animais domesticados não conseguiriam viver sozinhos era um dos argumentos dos senhores de engenho para não libertar os escravos, que seriam incapazes de viver sem a proteção do dono. Já estamos avançando em alforriar as domésticas, com a Lei da Doméstica, que ofereceu à elas quase os mesmos direitos que todos (!) os outros trabalhadores tem. Talvez esteja em tempo de pensarmos em alforriar os animais de estimação.

PS2: Por coerência com estes sentimentos, nunca tive empregada que dormisse no serviço, e hoje, apesar de ter duas filhas de 9 e 3 anos, e trabalhar fora de casa, não tenho empregada doméstica todo dia. Contrato os serviços de uma faxineira duas vezes por semana e uma passadeira de 15 em 15 dias, que chegam na hora que querem, fazem o serviço e vão embora na hora que querem. Trato as duas não como se fossem "da família", mas como seres humanos dignos, que provêm um serviço que preciso e pelo qual são remuneradas. Obviamente criei um laço afetivo com as duas, mas não uso este laço para pedir que façam mais do que o serviço contratado. Tive dois hamsters e um peixe como animais de estimação, logo que me casei. Depois disto percebi a crueldade do que estava fazendo, e me prometi nunca mais fazer isto.

A Última Guerra

 O último mês viu o nascimento do ChatGPT . Pela primeira vez, um programa de computador é capaz de responder à perguntas como um ser humano...