29 de julho de 2013

Filme "Turbo": uma agradável surpresa para as meninas.

De vez em quando comento filmes neste blog, como quando comentei heroínas em "Valente", "Ponyo", "Chihiro" e "Branca de Neve e o Caçador".

Hoje, depois de ver "Turbo" com minha filha Alice de 7 anos (a pedido dela pela segunda vez), venho com boas notícias!

Ao contrário de "Carros" que é indecentemente excludente de personagens femininas memoráveis (segundo Alice tem aquela azul e aquela verde...), "Turbo" vem com uma coleção memorável de belos personagens femininos.

Não, o protagonista não é uma mulher. Nem o cara mais importante, nem mesmo a namorada do personagem principal.

A única a aparecer no poster do filme (que só contem os caracóis) é a caracol cor-de-rosa (preguiiiiça) Burn, que fala de namorados o tempo todo. Acaba sumindo por falta de personalidade.
Única personagem feminina principal,
acaba sumindo por falta de personalidade.

24 de julho de 2013

Situações Limite

Seguindo na publicação dos meus contos (os anteriores estão aqui, aqui e aqui), o conto abaixo se chama "Situações Limite". É mais longo que os anteriores, e eu acho que é mais intenso.



Capítulo 5 - Situações Limite


Eram duas horas da manhã quando o telefone tocou.

Adiei o gesto de atendê-lo até o ponto em que minha paciência teria se esgotado e eu teria desistido. Não desistiram.


21 de julho de 2013

Sempre é cedo demais - Capítulo 4

Estou postando um livro de contos que escrevi. O começo está aqui, depois aqui. O texto abaixo é um dos textos mais antigos que escrevi. Não sei porque gosto dele até hoje. É uma daquelas coisas que eu gostaria de explicar...

Capítulo 4: Biblioteca de Alexandria (1993)


Não é nada preocupante, ou mesmo perigoso. São apenas pequenas coisas que a gente gostaria de explicar um dia.

Como naquela vez que chegou, pelo correio, um cartão da Biblioteca de Alexandria, num envelope pardo, sem remetente, com meu nome escrito, à tinta preta, em caligrafia rebuscada e clássica.

20 de julho de 2013

Sempre é cedo demais - Capítulos 2 e 3

Estou postando um livro de contos que escrevi. O começo está aqui. Os dois textos abaixo foram escritos no ano em que morei em Londres. Morar ao lado de um cemitério (literalmente, dava para ver as lápides da janela do meu quarto) e ficar sem sol por seis meses afetaram minha alegria.



Capítulo 2: A Caminho do Cemitério
o caminho

Quem nunca teve que atravessar um cemitério diariamente talvez não entenda porque eu não olho para os lados quando faço o percurso.


Nos primeiros dias, você repara nas lápides, com uma curiosidade mórbida. Lê alguns nomes, acha uma bonita, a outra simples demais. Fica imaginando quem escolheu a lápide. Quem pôs as flores que estão murchando, quem cuida da restauração das que quebram.

19 de julho de 2013

Interlúdio

O grande prazer da minha vida é falar.

Falo demais, eu sei. Falo muito, eloquentemente, compulsivamente, velozmente.

Às vezes isto é bom. Às vezes não.

Hoje foi bom. Muito bom. Falar com pessoas amigas, inteligentes, alegres. Falar por prazer e comunhão.

Obrigada, Lígia.

Sempre é cedo demais : O livro que deu origem à série

Há muitos, muitos anos atrás...

... eu comecei a escrever um livro.

Ele mudou de forma, conteúdo e objetivo várias vezes. Foi uma coleção de contos, um romance compriiido, um monte de pequenas histórias. Em 2008, eu compilei tudo que ainda gostava em um grande PDF chamado "Sempre é cedo demais" (por causa de um poema no final do livro).

De uma certa forma, foi o caminho para chegar no meu blog, e me orgulho dele. Assim, decidi publicá-lo aqui, em partes, começando hoje. Com vocês, minha obra prima!


Sempre é cedo demais
Ana de Oliveira Rodrigues 
19 de julho de 2013


Agradecimentos
Gostaria de agradecer primeiramente aos meus pais. Sem crescer em uma mistura de compulsão, excesso de amor, inteligência absurda e temperamento explosivo, eu jamais seria o que sou, o que seria uma pena. Minhas irmãs não escaparam ao mesmo destino, e tornam minha família completa.

Em segundo lugar, agradeço ao meu marido, constante universal em um mundo de caos e improbabilidade. Simplesmente por ter me impedido de enlouquecer dezenas de vezes, você tornou este livro possível. Por dar razão à minha vida, você o tornou importante.

Agradeço aos muitos amigos que vieram, ficaram ou foram embora, em especial neste momento à Karina, que me mostra quem eu era, à Ruth, que me mostra quem eu posso ser, à Dani, que me mostra quem eu sou e à Lígia, que me mostra quem eu serei.

Por fim, agradeço às minhas filhas Alice e Rosa, que fazem com que tudo faça sentido. Que vocês possam aprender com os meus erros, para que os seus sejam mais divertidos.


Parte I
Contos, Histórias e Outras Verdades


Capítulo 1: A garota, a Moça e eu

A garota sobe na calçada. Ela tem vinte e cinco anos, e lê um livro. Ela está sempre lendo. A maior parte da vida dela é gasta lendo livros. Ela está lendo agora, e ela está andando. 

Na hora que eu a olho, ela está sorrindo. Alguém no livro fez algo simpático. A garota imagina que foi com ela, e fica feliz. A garota quer viver dentro dos livros que lê. Ela gosta dos livros com romance, mas não romance bobo. Ela gosta daqueles em que você sabe desde o começo quem vai ficar com quem, e os casais passam por dificuldades juntos, não aquela bobagem de tentar se encontrar por anos e no final casar e ser feliz para sempre. 

8 de julho de 2013

A escala Barbie-Marlboro

Eu tenho uma teoria maluca (na verdade, tenho várias, mas esta é uma das minhas preferidas).

Eu inventei uma escala, que batizei de escala Barbie-Marlboro para medir o quanto uma pessoa se enquadra  dentro dos padrões de feminilidade e masculinidade da nossa sociedade. Em uma ponta, temos a Barbie, na outra  o Homem de Marlboro.

Enquanto eu faço as unhas
toda semana...

... eu roo a unha do pé.






É divertido ficar pensando onde cada pessoa se enquadra nesta escala, mas é mais divertido ver como casais se encaixam. 

O Homem de Marlboro tende a se casar com a Barbie. Por outro lado, pessoas menos extremas na escala (como eu, que faço as unhas, mas sou engenheira eletricista) tendem a se casar com pessoas mais perto do centro da escala também (como meu marido, que gosta de uísque, mas troca fralda numa boa). Observação importante, eu acho um barato quando as pessoas saem destes padrões! Eu e meu marido estamos no centro justamente porque fazemos várias coisas que a sociedade considera "papel do outro".

Então, para sua diversão, segue a escala de pontos. Cada ponto F (femininos) cancela um ponto M (masculinos), te levando para o centro da escala. Se no final tiver 10 pontos F, você é uma Barbie Perfeita, 10 pontos M, você já pode cuspir no chão e fazer propaganda do Marlboro.

Se você...
  • ... tem mais de 10 pares de sapatos, some um F
  • ... não sabe a diferença entre celulite e estria, some um M
  • ... faz o "pézinho" na nuca, some um F (se não sabe o que é "pézinho na nuca", some 2 M)
  • ... tem uma parafusadeira elétrica, some um M
  • ... tem uma lixadeira elétrica ou uma serra elétrica (e sabe usar), some dois M
  • ... usa rímel, some um F para cada centímetro de rímel
  • ... leu Cinquenta Tons de Cinza, some um F para cada livro que você leu
  • ... acha que só existem quatro cores: Vermelho, Preto, Verde e Azul, some um M
  • ... sabe a diferença entre Pink, Rosa, Salmão e Bonina, some um F
  • ... vai no salão, some um F para cada vez por semana
  • ... toma cerveja, some um M para cada vez por semana
  • ... troca fraldas, some um F por cada filho (a)
  • ... troca lâmpadas e chuveiros, some um M
  • ... nunca viu novela na vida, some 2 M
  • ... faz testes de personalidade como este, some um F
Minha pontuação final foi de 1F, do meu marido 1M (quase zeramos no meio da escala). 

E você e seu parceiro, quantos marcaram? Mandem sugestões para completar a lista nos comentários!

*** ATUALIZAÇÃO ****

Sugestões de leitores:
  • ... tem nojo de piscina de bolinha de parque infantil, some 1 F

7 de julho de 2013

O corpo é da mulher...

Hoje o post é rapidinho. Só para expressar minha indignação com isto:

Meio cedo para impor papéis para a pobre ciancinha, não???
Sim, aparentemente agora existe algo como "fralda para meninas" (que são princesas, claro, e só podem se vestir de rosa, claro) e "fralda para meninos". Era a marca que eu comprava para minha filha, acabo de mudar para a Pampers em protesto.
Se você acha isto um exagero meu, sugiro:
- Ler o blog Feminismo pra que, no Carta Capital, que discute como as questões de gênero estão moldando o machismo e a violencia contra a mulher, de onde veio a foto abaixo, que mostra a Barbie, e como ela seria se tivesse proporções "reais":
Barbie "normal" e Barbie "normal mesmo"
- Ver Slim Hopes , um documentário brilhante sobre como a mídia impõe uma imagem perfeita (princesas) sobre o corpo feminino, alimentando a baixa autoestima e fazendo das mulheres as maiores compradoras em busca da beleza ideal e inalcançável;
- Seguir e apoiar o Miss Representation , uma organização não-governamental voltada para melhorar a auto estima de garotas do mundo inteiro, cujo lema é "Você só pode ser o que você pode ver", oferecendo alternativas para as garotas.

Rosa e seu capacete de Engenheira...
...e seu carrinho de mão.
No final das contas, boicotei a fralda sexista, porque minhas filhas são minhas princesas, mas também são minhas matemáticas, doutoras, pintoras e engenheiras.

**** Atualização *****
Várias pessoas no Facebook fizeram dois tipos de comentários, que eu gostaria de esclarecer aqui, por ter mais espaço:
1) Adoro e uso estas fraldas, elas são ótimas.
Sem problemas! Aliás, também adoro a qualidade das fraldas. Usei elas com minha filha mais velha (hoje com 7 anos) e usei até agora com a Rosa, que tem 1 ano e 4 meses. Em momento nenhum estou dizendo que a fralda é de má qualidade, ou que você que me lê não deveria usá-las. EU estou boicotando, porque acredito que, como consumidora, minha única força para combater o sexismo na indústria é não comprando produtos que eu acredito que são sexistas. Se você não se incomodou, não tem porque não comprar.

2) Não precisa levar isto tão a sério, é só uma fralda rosa.
Não é só uma fralda rosa. Não tenho nada contra rosa (aliás, minha filha se chama Rosa). Mas me incomoda o fato de que é só rosa.
Quando minha filha mais velha pediu um carrinho de controle remoto de Natal, o único cor-de-rosa era da Xuxa, e só tinha controle para frente e para trás!! Não virava de lado. Ofereci a ela qualquer um dos 40 outros, que, pelo mesmo preço, tinham luzes, andavavam para frente, para tras e para os lados, e faziam sons. Ela me disse que não queria, pois não era de menina, porque não era rosa. Combinei com ela de comprar um vermelho e colar adesivos neles. Mas, ao pintar todas as coisas de rosa, estamos mandando a mensagem para as meninas de que o que não é rosa, não é para elas.
Uma cor só é muito pouco... e para bebezinhos, é muito cedo.

Abraços, e continuemos com a discussão!

A Última Guerra

 O último mês viu o nascimento do ChatGPT . Pela primeira vez, um programa de computador é capaz de responder à perguntas como um ser humano...