30 de janeiro de 2015

O Grande Deus das Formigas

Já ouvi muitas vezes pessoas dizendo que não podemos entender Deus, e suas razões, da mesma forma que as formigas não nos entendem. Deus é grandioso demais, complexo demais, para nossas mentes simples.

Explorando o outro lado esta ideia, e se Deus realmente enxergar os seres humanos como nós vemos as formigas?

Ontem, enquanto tomava banho, fiquei impassível vendo uma formiga se afogar no fundo da banheira. Eu poderia tê-la salvo facilmente. Provavelmente ela estava em sofrimento, chamando por ajuda. Talvez até tivesse alguma consciência de que eu estava ali, ao seu lado, decidindo a qualquer momento se ela deveria viver ou não. Mas não fiz nada.

Existem, como ela, milhões de formigas. Que destroem coisas que eu criei. Que invadem meus armários e comem minhas coisas. Que são exatamente iguais umas às outras para mim. Com as quais eu não me importo.

O Grande Deus das Formigas, é uma grande quantidade de entidades, os humanos, que são tão responsáveis pela criação do Universo quanto eu sou responsável pela criação das montanhas de Minas Gerais. Este Deus está mais para um bando de gerentes, que mudam as coisas de lugar, e as formigas atrapalham.

De vez em quando, grandes desastres vem atingir a população, como a enchente que provoquei na minha jardineira. Eu só queria molhar as plantas, mas esqueci a mangueira ligada por 30 minutos. O vizinho de baixo ligou avisando que estava transbordando. Chequei lá e vi uma dezena de formigas na borda da jardineira, tentando voltar, perdidas, para o fundo da terra. Umas duas boiando em pequenas ilhas que sobraram, outras agarradas à folhas. Na cabeça (?) delas, provavelmente se sentiam salvas por milagre. As bolhas de ar subindo no canto da jardineira me lembravam dos corredores no fundo da terra, onde a rainha e muitos dos seus filhotes e ovos provavelmente morriam afogados. Meu sentimento? Agora vou poder plantar tomates que não serão contaminados pelo mofo do qual as formigas se alimentam.

Não estou aqui defendendo que convivamos em paz com as formigas. O mesmo raciocínio se aplica à mosquitos, baratas, bactérias. O que estou querendo dizer é que, se Deus existe, é assim tão grandioso, não é muita pretensão nossa achar que ele se importaria com uma praga de milhares de insetos?

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