9 de julho de 2012

Rosa Coqueluche Rodrigues Viana

Minha filha Rosa completou 4 meses de vida no dia 1o de Julho. Destes, ela passou 2 meses tossindo. Metade da vida dela.

Rosa


Com dois meses e sete dias, ela começou a tossir e expelir um catarro grosso. Em pouco mais de uma semana, estes episódios já faziam com que ela ficasse com um tom azulado (cianose), pela falta de oxigênio durante as crises de tosse. Depois de ser internada por dois dias, voltou para casa, com o diagnóstico de coqueluche. Começou a melhorar devagarzinho, até que, 15 dias depois, teve outra recaida. Pegou uma virose nova, e as crises de tosse e cianose voltaram. A expectativa é que ela fique mais uns 2 a 4 meses deste jeito. Qualquer virose ou infecçao vai fazer o quadro geral dela piorar de novo.

Mas, tudo isto não é nada comparado ao que pode estar acontecendo na cabecinha dela. Imagine passar estes primeiros meses de vida, tão importantes para a sua formação, lutando por ar. Imagine passar dois meses assustada. Começando a aprender a usar suas vias aéreas, e elas te traindo. Dormindo menos de duas horas direto de cada vez, em um período em que toda a energia é necessária para crescer, desenvolver, aprender.

Sei que a coqueluche vai fazer parte da história da minha filha. Quando comento com outras pessoas, algumas pessoas dizem que tiveram coqueluche na infância, inclusive as duas avós dela. E é sempre uma história relembrada com dor. Quem teve mais velho, conta do quanto penou, tossindo por meses, às vezes até desmaiando. Quem teve novinho, como a Rosa, conta as impressões da mãe, que dizia que a criança perdeu peso, ficou triste, ficou meses sem dormir ou comer direito.

O mais assustador é que Rosa não está sozinha, pelo contrário. Anualmente, milhares de pais mal informados sobre vacinas decidem não vacinar seus filhos, ou esquecem. E com isto, a coqueluche está voltando. Nos EUA a situação já está virando caso de saúde pública, com surtos em diversas regiões. No Brasil, já temos surto confirmado em SP. Nos outros estados, a situação deve ser a mesma, apenas é mais difícil a notificação (aqui em BH, mesmo, conseguir notificar o caso da Rosa foi uma novela à parte).

Adultos vacinados, por sinal, não estão imunes à coqueluche. Eles tem uma versão branda da doença, caracterizada por uma tosse persistente, mais intensa à noite. E, neste período, por ser uma doença altamente contagiosa, o adulto se torna a principal fonte de contaminação de crianças não totalmente imunizadas, como a Rosa, e a coqueluche vai se espalhando rapidamente.

Houve uma época que "coqueluche" significava "algo que se espalhava rápido", como em "a coqueluche do momento é usar saia longa", de tão comum que a doença era. Hoje, era para estar erradicada. Medidas como as pessoas lavarem as mãos com frequência, principalmente antes de pegar em bebês, não deixarem crianças doentes irem à escola, vacinarem corretamente seus filhos, e cobrirem a boca com o braço (não com a mão) ao tossir ou espirrar teriam um impacto enorme na saúde pública.

Se eu tivesse mais tempo, passaria boa parte dele tentando convencer as pessoas da importância destas medidas; ajudando outras Rosas, como minha filha querida, doce e risonha quando consegue, a não passar metade da vida delas sentindo um desconforto que é difícil até para adultos.

4 comentários:

  1. Aninha, a coqueluche do Dandan que se manifestou logo no primeiro mês de vida se arrastou por 10 meses e nos mantivemos um cilindro de oxigênio no quarto dele para uma emergência!
    Uma noite, ainda bem bebezinho tossiu tanto que desfaleceu e ficou completamente cianotico, como se tivesse morrido!!!
    Esse foi o episodio mais complicado na minha carreira de mae!
    Rosa sarou depressa e isso foi maravilhoso!
    Estou adorando seu blog!
    Parabens pela corajosa iniciativa, sendo vc uma profissional tao ocupada!Bjssss....

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  2. Tia Clara, somos irmãs nesta dor. Quando internamos a Rosa, eu pensava: quanto tempo ainda terei com minha bebe? Ninguem merece passar por isto! Parabens pela sua coragem e cuidado, que permitiram que Daniel superassecesta barra!
    Obrigada pelo apoio ao blog! Espero que se divirta!
    Beijos muitos!
    Ana, sobrinha de coracao!

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  3. Meu filho está com essa maldita doença, começou a tossir exatamente dia 25/out, hoje, depois de internação e antibiótico, ele já estava quase são, quando pegou um resfriado, e a maldita tosse está aqui de novo... Estou depressiva e apavorada, parece que isso nunca vai ter fim! Será que isso um dia realmente acaba?? Agora que ele está resfriado, é como se a doença voltasse do ZERO? ou ele melhorará dentro do tempo estimado? Me ajudem, estou desesperada...

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    Respostas
    1. Oi, Anônimo. A Coqueluche realmente é uma doença terrível. A boa notícia é que, sim, vai acabar. Vai demorar muito, mas um dia ele não vai mais tossir. A Rosa hoje já tem quase dois anos, e, quando fica gripada, a tosse volta. Mas nunca é tão ruim quanto da última vez. Melhora beeeemmmm devagar, mas melhora. Uma coisa que ajuda um pouco é não deixar ele com frio. Parece até mandinga de avó, mas vento frio nas costas piora muito a tosse da coqueluche. Agasalhe ele bem, abrace ele bem, e acredite: isso um dia vai passar. Abraços e força!

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