26 de setembro de 2012

Deixar chorar ou não deixar, eis a questão.


Ontem à noite fiquei tentando fazer Rosa dormir por mais de duas horas.

Ninguém, ninguém MESMO quer ver isto...
...nem quem ferberiza!
(obs: esta nao é a Rosa...)
Ela normalmente dorme a meia noite, mas eu queria que ela dormisse mais cedo para que eu pudesse dormir mais cedo. Juliano (maridão) está viajando, o que me faz ter que levantar às 5:45 da madrugada para deixar minhas duas meninas (Alice 6 anos e Rosa 6 meses) na escola antes de ir dar aula.

Tentei todos os métodos. Dei mamadeira, peito, brinquei com ela até ela cansar, ninei no colo, deixei no berço enquanto conversava com ela, vimos televisão juntas, enfim, tudo. Só não tentei o método que acabou funcionando com Alice: deixar chorar, confortando de tempos em tempos, até ela dormir.  O que, no mundo das mamães, é conhecido como "ferberizar" por causa do nome do médico que popularizou este método: Ferber.

Toda vez que se fala no assunto, uma disputa acirrada entre as mães aparecem. Tem a turma que jura pela eficiência, que a criança desenvolve auto controle, que fica mais feliz (depois que funciona), e, tem a turma que diz que "jamais teria coragem de deixar o neném chorando sozinho, que é maldade". Tem um artigo que minha irmã acaba de me mandar, que discute justamente esta polaridade. Quase ninguém se classifica no meio termo. 

A frase do artigo que mais me impressionou foi: "Mas como, minha filha, estão dizendo que a Ciência agora mostra que devemos deixar as crianças chorando até que durmam sozinhas? Nós fizemos errado todo esse tempo?" (ela com os três filhos que teve e eu com os meus)

O grande medo é esse: de ser uma mãe que está fazendo tudo errado. Se você está fazendo de um jeito e sua amiga faz do jeito contrário, uma de vocês está errada. Como pode ser possível as duas estarem certas? E, então, cada uma se sente na obrigação de provar por A+B que a outra está errada, gerando este fosso entre as opiniões. Isso acontece com assuntos triviais como marca de fralda (Pampers ou Turma da Mônica é igual Atlético e Cruzeiro entre as mães) até coisas sérias como tempo de castigo, métodos para a criança comer ou o que fazer em caso de febre. Tempo de amamentação e tipo de parto (normal versus cesárea), então, é final de copa entre Brasil e Argentina.

Pois eu acho que tem jeito sim. A resposta está no fato de que são crianças e mães diferentes. O que funciona com uma, não funciona com outra. O que funciona com uma mãe pode ser insuportável para outra. Mas isto não significa que é "maldade",  ou "falta de amor". É só diferente. E diferente é bom.

Um amigo meu costumava dizer: "Mãe, mesmo quando está errada, ainda está 50% certa." Ele tem razão. Devemos aplicar isto para todas as mães, mesmo as que não concordam com a gente.

Voltando ao caso específico do deixar chorar, fiz com Alice. Ela tinha 8 meses, e chorava no nosso colo por duas horas. Era um inferno. Ela beliscava meu braço, se contorcia, se machucava e me machucava. Não aceitava chupeta, gritava sem parar. Acabava dormindo de cansaço, de tanto chorar. Decidimos, depois de tentar todas as outras alternativas, tentar o Ferber. Depois de uma semana (que não foi fácil), ela passou a dormir sozinha em 15 minutos. Sem o caos que era antes. Até hoje, seis anos depois, a rotina de sono dela é uma beleza. Ela dá boa noite acordada, sorrindo, e dorme sozinha. Não me arrependo, e sei que não faltou carinho nem amor no processo.

Mas Rosa tem outra personalidade. Apesar de não querer dormir, ela não passa este tempo sofrendo. Se estiver no colo, ou do meu lado (com o pé encostado em mim), ela não chora. Eu não vejo sofrimento e vontade de dormir sem conseguir (como via com Alice). Vejo uma criança que, simplesmente, não quer dormir naquele momento. Fico tentando outras coisas por mim. EU preciso dormir. Mas isto não significa que valha a pena fazê-la sofrer. Por isto eu dou peito, canto canções, passeio pela casa, troco a roupa (será que está com calor), troco a fralda (será que o xixi está incomodando), dou outro peito, troco a roupa de novo (agora ela está soluçando de frio), vejo televisão com ela deitada do meu lado, faço carinho nos pés, balanço ela no escuro caladinha, mais um peito (o terceiro), uma mamadeira (quem sabe o peito já não tem leite).

Por fim, depois de duas horas, desisti de fazer ela dormir às 11:56h, e deitei na minha cama com ela do lado. Ela então, fechou os olhos e dormiu.

** E você? Ferberizou? Nunca ferberizaria? Deixe sua opinião nos comentários!! **

7 comentários:

  1. Por aqui o pai já tentou Ferberizar algumas vezes, eu entro em pânico, não suporto, então ele parou tb.
    Mas, agora com 2 anos, estou aprendendo a deixar chorar, mas é outra fase,é um tel de chorar por qualquer coisa, por querer, por não querer, por se irritar...
    Hoje, lá no blog eu escrevi sobre equilíbrio que tem tudo a ver com esse seu texto, o tanto de gente que encontro achando que está certa e ponto final e fazsendo o terror com as outras mães. Pssa lá pra dar uma olhadinha,
    bjs

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    1. Oi, Andrea! Eu e meu marido tivemos que embarcar juntos, senão não dava. Manda o link para o post, para ficar registrado para outras pessoas! :)

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  2. Aninha,
    Primeiro, assim como a Melania (do blog que fala sobre como a Veja divulgou o artigo erroneamente http://estudamelania.blogspot.com.br/2012/09/estudando-o-choro-dos-bebes-em-repudio.html)
    tenho críticas quanto a metodologia do estudo... Os resultados (sobre estresse e saúde mental, etc) foram coletados a partir de questionários com as próprias mães e não através de avaliações formais, com ferramentas validadas, por entrevistadores cegos às intervenções, entende? Pode haver um viés aí (tanto para benefícios quanto para malefícios das técnicas...). Então, quanto à técnica fazer bem ou fazer mal, eu não acho que estes artigos sejam boas evidências. Mas isso é só um aspecto técnico da questão. Vamos supor que os fatos sejam mesmo esses, de que nao faz diferença o "método" usado para resolver problemas de sono dos bebês.

    Supondo assim, concordo com você que pessoas diferentes encontram soluções diferentes, em situações diferentes. E isso vale pra muita coisa. Cada mãe é de um jeito, cada bebê é de um jeito e depois que outro bebê chega, aquela mesma mãe já é também de outro jeito. Irmãos (exceto os gêmeos, talvez...) não têm a mesma mãe nunca. A mãe do primeiro é uma, a mãe que recebe o segundo é outra. Então, comparar o que se fez com um e o que se faz com outro é muito difícil (eu diria até inútil...).

    Mas não quer dizer que não existam alguns certos e errados... Não acho que isso justifique qualquer atitude de uma mãe ou pai.

    Muitas vezes, por mais que uma mãe ou pai acredite estar fazendo o melhor pro seu filho, não está. Às vezes, é por falta de informação. Às vezes, é por não avaliar a situação de maneira autônoma e confiar demais nos conselhos da vizinha ou nos "manuais" de criação de filhos. Às vezes é pelo próprio medo de errar. Enfim, podem ser inúmeras as razões pelas quais cometemos erros. Mesmo que não falte amor e carinho nas intenções...

    O que não pode faltar é respeito pelas escolhas de cada um. E, ao mesmo tempo, respeito pelas próprias escolhas. Quando acontece essa coisa de tentar convencer o outro por A+B de que sua escolha é a melhor (quando, retomando, se trata de escolhas cujos resultados são semelhantes... e não se escolho ou não vacinar uma criança, por exemplo, ou se escolho ou não escovar os dentes, enfim) pode ser que não seja o outro a quem se quer convencer, mas a si mesmo. Ver o outro trilhar outros caminhos (e ser "igualmente" feliz) pode gerar a aflição de se questionar: será que EU fiz a melhor escolha? QUERIA ter feito diferente? POSSO fazer diferente?

    Esse questionamento pode ser muito bom, enriquecedor. Não precisa estar amarrado nessa culpa toda que nós mães insistimos em carregar... Errar faz parte. Aprender também. E ninguém vai ganhar um troféu de "melhor mãe". E nem de melhor bebê!

    Tem pano pra manga, né?

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    1. Adorei seu comentario, Lu! Acho que completaalgumas ideias. Eu tambem acho que tem assuntos (vacina por ex) q nao tem discussao (ou nao devia ter). Mas na parte se achometro, cada um devia respeitar o "acho" do outro, consultando todas as informacoes possiveis...

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  3. Olá ana só queria te pedir para colocar o "Seguir" do blogger pois não consigo acompanhar o blog por e-mail bjss o blog esta ótimo.

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  4. Oi Ana!
    Sayuri desde que nasceu não deu muito trabalho pra dormir. Quando ela tem dificuldades a gente tb tenta de tudo: trocar roupa, fralda, dar mamadeira, cantar, ninar. E quando essas coisas não funcionam deixo ela chorar até dormir. Pra minha sorte isso aconteceu pouquíssimas vezes, quando acontece me sinto meio culpada, mas depois, mais calma, penso e acho que não há nada de errado.

    Prefiro fazer isso a enlouquecer!

    A Rosa só dorme meia noite!? acorda que horas de manhã? pela tua saúde ela precisa dormir mais cedo...

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